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DESMITIFICANDO A AURICULOTERAPIA!

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ARTIGOS DE OPINIÃO: Desmitificando a Auriculoterapia!
 

Por Luiz Cesarino Alves

Farmacêutico Pós-graduado em Acupuntura

 No seguimento de Auriculoterapia, Acupuntura Auricular e Auriculopuntura, existem alguns mitos que precisam ser desmitificados. Gostaria de iniciar esclarecendo que a Auriculoterapia, assim como a Acupuntura Auricular ou Auriculopuntura, são procedimentos que tem em comum a utilização do pavilhão auricular (orelha) para tratamentos de saúde. Entretanto, são procedimentos que seguem abordagens e teorias bem diferentes. A Auriculoterapia, foi o método desenvolvido pelo médico francês Paul Nogier, na década de 1950, que consiste em utilizar áreas reflexas na orelha para diagnóstico e tratamento de enfermidades agudas e crônicas, utilizando como instrumento de estímulo aparelhos eletrônicos

Farmacêutico Acupunturista

de baixa corrente elétrica. Já no caso da Acupuntura Auricular ou Auriculopuntura, foi um procedimento associado à Acupuntura Clássica Moderna e que adota conceitos e procedimentos diferentes da Auriculoterapia. O tratamento de doenças através de estímulos no pavilhão auricular como conhecemos atualmente é de certa forma um modelo de tratamento recente, que ganhou notoriedade a partir das pesquisas de Paul Nogier na França em 1950, influenciando o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de pesquisas na China no campo da Acupuntura Auricular/Auriculopuntura. 

   Minha formação inicial em Acupuntura acorreu em Brasília (1992 a 1994) no Instituto Yang de Educação e Pesquisa, instituição fundada pelo Professor Marcelo Pereira de Souza, pioneiro da Acupuntura Auricular no Brasil. Sinto-me privilegiado por ter tido a sorte de estudar com o Professor Marcelo! Em meados dos anos 80 e nos anos 90, Brasília e São Paulo eram os centros de referência para aqueles que buscavam uma formação de excelência em Acupuntura. De lá pra cá muita coisa mudou! Na época que iniciei meus estudos, a dificuldade era encontrar um curso diante da escassez de oferta, hoje em dia é o inverso, a dificuldade está em fazer a escolha certa diante da enorme oferta de cursos!

   Atualmente, basta uma simples busca na internet, que facilmente se encontra diversos cursos, livros, e-books e mapas auriculares de vários autores, cada um defendendo a sua teoria. Uma vez que a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não adotou um modelo padrão de mapa auricular, diversos são os profissionais que criam mapas auriculares baseado em experiências pessoais e tentam vender cursos na internet como sendo o mapa dos pontos corretos, podendo causar grande confusão para aqueles que estão iniciando seus estudos nessa área. No pavilhão auricular (orelha), existem eixos, áreas e regiões nervosas que quando estimuladas, tem o potencial de provocar reações no organismo via sistema nervoso central (SNC). Isso significa que, um determinado “ponto” de estímulo na orelha, pode sofrer variações de localização de um paciente para o outro. Cada indivíduo é único, possui características anatômicas diferentes e os mapas auriculares servem somente de guias de referência aproximada e não de referência exata da localização de um “ponto”.

   Outro mito muito comum em Acupuntura Auricular é o mito preconizado pelos profissionais que trabalham com aplicação de brincos, alegando fazer perfurações na orelha em regiões neutras que não possuem pontos, evitando assim, provocar algum dano ao organismo do paciente. Isso é um grande equívoco! A orelha por inteira é uma zona reflexológica, cada milímetro do pavilhão auricular é passível de estímulo para algum tipo de tratamento. Em função disso, não existem regiões neutras na orelha! Além do que, também não existem evidências comprovando que perfurar o lóbulo ou qualquer outra região da orelha para colocação de adornos (brincos, piercings ou alargadores), provoque algum dano à saúde da pessoa.

Ter sucesso e alcançar bons resultados clínicos em tratamentos com Acupuntura Auricular ou através da Auriculoterapia, não basta simplesmente saber localizar “pontos”. A prática da Acupuntura Auricular ou da Auriculoterapia não é um método tipo “receita de bolo” onde se trata os sintomas do paciente simplesmente estimulando “pontos” correspondentes na orelha orientados por mapas auriculares. Realizar um bom tratamento requer basicamente um bom raciocínio clínico, algo que vai muito além do procedimento técnico de agulhamento ou de um simples protocolo de pontos. Recomendo aqueles que desejam ingressar nesse fascinante universo do tratamento de enfermidades através de estímulos na orelha, que inicie seus estudos se aprofundando em conhecimentos de patologia, fisiologia endócrina, metabólica e bioquímica, com certeza, essas serão as principais bases teóricas que vão alavancar os seus resultados no tratamento e o seu sucesso profissional.

ALVES, L. C. C. Desmitificando a Auriculoterapia!: farmacêutico.com, 2021.

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